Rafael Schermann foi um grande pesquisador da escrita e da caligrafia, um dos pioneiros da grafologia, realizou experimentos que trouxeram elevantes contribuições também para a perícia forense em grafoscopia e para a criminalística.
As referências disponíveis indicam que Schermann era dotado de talentos que chegaram a ser considerados miraculosos na interpretação da escrita. Consta que foi testado durante anos por cientistas e cumpriu com sucesso experiências planejadas, tendo demonstrado raros dons para identificar características da personalidade e sentimentos do escrevente.
Com base em sua desenvolvida percepção identificava impressionantes traços físicos e comportamentais do autor, fatores que frequentemente o envolviam em perícias técnicas.
Sua primeira atuação como perito teria sido no esclarecimento de ameaça ao prefeito da cidade de Viena em bilhete manuscrito que exigia pagamento em dinheiro. Suspeitos interrogados pela polícia haviam apresentado resultados negativos em exames de amostras, pois não correspondiam à carta ameaçadora, mas quando Schermann viu o bilhete intuiu pela caligrafia a face e o passatempo de carpinteiro do autor, características que se mostraram corretas com o avançar da investigação na direção sugerida pelo perito.
“A caligrafia nunca mente”, afirma Schermann. Certa vez analisou a caligrafia de marido e mulher, traçando-lhes características das suas personalidades, sem que soubesse sua real identidade. Os resultados foram posteriormente apresentados em julgamento do marido pelo suposto assassinato da esposa, culminando com sua absolvição.
Em outro episódio foi chamado como perito no julgamento de pessoa acusada de enviar anonimamente determinado cartão-postal para a polícia. Schermann examinou a caligrafia disfarçada e dela intuiu hábitos do autor na movimentação de cabeça, mãos e dedos, o que foi suficiente para convencer o magistrado sobre a autoria.
Atuou ainda como perito em fraudes bancárias. Um mensageiro foi à agência de um banco com um cheque assinado por dois gerentes de uma empresa, para sacar alta soma em dinheiro. O caixa desconfiou e não acatou o tal cheque. Schermann foi chamado a investigar e pediu amostras da caligrafia de todos os suspeitos, inclusive escriturários de diversas filiais do banco, entre eles encontrou o culpado.
Em outros trabalhos, Schermann foi chamado a intuir qual seria a caligrafia de pessoas apenas a partir de fotografias dos seus rostos, técnica que denomina reconstrução, tendo alcançado impressionantes sucessos.
Os livros de Schermann ilustram os muitos casos de criminalística, entre outros em que atuou, com exemplos das respectivas caligrafias e comentários sobre os exames.